Linha 1: Representações e estudos sobre raça e relações étnicas:
África e africanos, povos indígenas e negros no Brasil. Esta linha se propõe a investigar as questões relacionadas às representações do continente africano, sua diversidade étnica e cultural, bem como a diversidade étnica e cultural no Brasil em relação aos povos indígenas e às comunidades negras. Analisar as diferentes formas que construíram e presentificaram imagens e estereotipias sobre a África, os povos indígenas e os negros brasileiros. Também objetiva proporcionar um campo de discussão entre as relações étnico-raciais no Brasil e no continente africano. Os conceitos de raça e étnico, em suas diferentes dimensões, necessitam do aporte teórico metodológico de várias disciplinas, o que obriga aos estudos interdisciplinares enquanto forma de responder as questões colocadas sobre estas temáticas. Os discursos sobre raça, sua feitura e ressignificações, são imprescindíveis para o entendimento dos primeiros contatos, as transações comerciais e o processo de conquista, colonização e a colonialidade do poder no Brasil e no continente africano, envolvendo processos de resistência, negociação e subalternização que envolve o estudo da escravidão indígena, a construção do tráfico atlântico e da escravidão do negro no Brasil. Sobre estes aspectos, importa considerar que serão acolhidas as pesquisas que tragam consigo questões que possam ser tratadas no campo da interdisciplinaridade, a partir da história enquanto escopo e área do conhecimento.
Linha 2: Cultura, Educação e Memória:
A Linha de Pesquisa Cultura Educação e Memória é caracterizada pela diversidade e conexões de propostas investigativas e horizontes teórico-metodológicos característicos da História Cultural, da História Social, da educação e da Memória – seja ela coletiva e/ou individual. Nesta linha, pretende-se focar os estudos sobre as práticas culturais/religiosas – nas suas mais diversas perspectivas históricas, memórias individuais e coletivas, hábitos e os costumes inseridos nas práticas dos diferentes grupos de indivíduos e/ou de comunidades que interagem nas muitas paisagens sociais, encontradas nos espaços regionais que formam os diversos territórios nos quais se encontram incorporados docentes e dissentes que realizarão as suas pesquisas, no intuito de alcançarem ampliar o conhecimento histórico, visando uma fecunda produção historiográfica. Tais pesquisas deverão contemplar uma perspectiva interdisciplinar, na qual se possa dialogar com a Antropologia, com a sociologia, com a geografia, com a História do Tempo Presente, bem como com a História das Ideias e com a Literatura, assim como com outras vertentes das ciências Sociais e Humanas, em suas formas mais amplas, por meio das quais se possa apreender e analisar o fazer humano, que subjaz na ideia da construção quotidiana, presente nas mais diversas manifestações culturais, religiosas, políticas, econômicas, nas representações e nas relações de poder que permeiam as sociedades, desde aquelas forjadas a partir das interrelações entre os povos africanos, indígenas e europeus, amalgamados para a “construção” de uma sociedade brasileira, até aquela que hoje subsiste, como resultado de mais de três séculos de interações e de interrelações entre os referidos grupos étnicos em seus mais variados matizes econômicos, culturais, políticos e sociais.
Intenta-se também, num sentido mais amplo, perceber, discutir e analisar criticamente, as mais variadas formas em que ocorrem as práticas educacionais, nos espaços formais e informais em que se dá a formação das gentes que pensarão as novas maneiras de se fazer as leituras do mundo à sua volta e/ou replicarão os sistemas vigentes, perpetuando-o nas gerações seguintes. Pretende-se, desta forma, entender se os sujeitos atuam enquanto construtores do saber, ou se atuam em um processo de meros retransmissores de saberes impostos pelas relações de dominação social.
Assim, as pesquisas que abordem as esferas da cultura, da sociedade, da religião e da religiosidade popular, dos “lugares de Memória” e da memória individual e/ou coletiva e da educação, enquanto pontos de encontro das mais diversas áreas do conhecimento histórico, terão lugar privilegiado. Serão bem vindos projetos que visem abordar investigações sobre o indivíduo e seus materiais, suas diversas manifestações populares, seus diversos movimentos sociais em seus aspectos macro e micro históricos, ou aqueles que visem estudar os diversos grupos inseridos nas espacialidades geopolíticas e nas paisagens sociais diversas
Por se tratar de uma linha de pesquisa construída no interior de um Programa que atende a demandas de estudantes de diferentes cidades e regiões da Bahia e do Brasil, acata projetos matizados conforme os lugares de origem de seus proponentes. Esta proposição considera os marcos teóricos e metodológicos das investigações desenvolvidas na linha como um dispositivo atento à necessidade de tratar os temas de forma a adequar os objetos de investigação à dinâmica do debate teórico no terreno da historiografia, bem como trazer à lume os elementos que permitam a discussão metodológica do fazer histórico, inerente à tarefa do historiador.